15/02/2012

PARA REFLETIR...


...Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Decoreba: esse é o método de ensino

Não aprendo as causas e conseqüências só decoro os fatos

Desse jeito até história fica chato
Mas os velhos me disseram que o "porque" é o segredo
Então quando eu num entendo nada, eu levanto o dedo
Porque eu quero usar a mente pra ficar inteligente
Eu sei que ainda não sou gente grande, mas eu já sou gente
E sei que o estudo é uma coisa boa
O problema é que sem motivação a gente enjoa
O sistema bota um monte de abobrinha no programa
Mas pra aprender a ser um ingonorante (...)
Ah, um ignorante, por mim eu nem saía da minha cama (Ah, deixa eu dormir)
Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre
Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste
- O que é corrupção? Pra que serve um deputado?
Não me diga que o Brasil foi descoberto por acaso!

Eles me tratam como ameba e assim eu não raciocino...
...Mas o ideal é que a escola me prepare pra vida
Discutindo e ensinando os problemas atuais
E não me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais
Com matérias das quais eles não lembram mais nada
E quando eu tiro dez é sempre a mesma palhaçada ...

14/02/2012

Inscrições para o Valores de Minas

O Plug Minas – Centro de Formação e Experimentação Digital recebe, até o dia 24 de fevereiro, inscrições para o processo seletivo do núcleo Valores de Minas. No total, serão disponibilizadas 500 vagas direcionadas a jovens de 14 a 24 anos, que estudam ou já se formaram na rede pública de ensino de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Até o momento, mais de 4 mil pessoas se cadastraram gratuitamente pelo site.

O núcleo Valores de Minas é o mais antigo entre todos do Plug Minas e é mantido em parceria com Servas, Fiat, Cemig, Sintram, BMG e Shell. Nele, são realizadas aulas de teatro, dança, circo, artes visuais e música, além de disciplinas teóricas como filosofia e linguagens. Ao final do curso, os estudantes participam de um grande espetáculo multidisciplinar que encerra as atividades do ano.

Acesse:http://www.plugminas.mg.gov.br/

13/02/2012

Oficina Invenção de práticas do não saber

Oficina Invenção de práticas do não saber, atração da sexta edição do Festival de Verão da UFMG,  tem como objetivo levar crianças e adolescentes de oito a 13 anos a lançarem um novo olhar para o espaço público urbano. A oficina tem como proposta experimentar a rua do modo como ela se apresenta, descobrindo os recursos, as pessoas e seus usos.

Ver mais: http://www2.ufmg.br/festivaldeverao/Festival/Oficinas/Projetos-Especiais/Invencao-de-Praticas-do-Nao-Saber

11/02/2012

Inscrições abertas para o “Intervenção” na Serra


A proposta do projeto é dar uma formação que trabalha com conceitos como arte contemporânea, tecnologia, graffiti e cidade. 

Estão  abertas as inscrições para o 6° Festival de verão da UFMG

Maiores informações no site:
http://www.cursoseeventos.ufmg.br/CAE/DetalharCae.aspx?CAE=5149

08/02/2012


TEXTO DE RUBEN ALVES

" Os pensamentos me chegam de forma inesperada, sob a forma de aforismos. Fico feliz porque sei que Lichtenberg, William Blake e Nietzsche freqüentemente eram também atacados por eles. Digo 'atacados' porque eles surgem repentinamente, sem preparo, com a força de um raio. Aforismos são visões: fazem ver, sem explicar. Pois ontem, de repente, esse aforismo me atacou: 'Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas'

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Esse simples aforismo nasceu de um sofrimento: sofri conversando com professoras de segundo grau, em escolas de periferia. O que elas contam são relatos de horror e medo. Balbúrdia, gritaria, desrespeito, ofensas, ameaças... E elas, timidamente, pedindo silêncio, tentando fazer as coisas que a burocracia determina que sejam feitas, dar o programa, fazer avaliações... Ouvindo os seus relatos vi uma jaula cheia de tigres famintos, dentes arreganhados, garras à mostra - e as domadoras com seus chicotes, fazendo ameaças fracas demais para a força dos tigres... Sentir alegria ao sair da casa para ir para escola? Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O seu sonho é livrar-se de tudo aquilo. Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é a mesma porta que as fecha junto com os tigres.
Nos tempos da minha infância eu tinha um prazer cruel: pegar passarinhos. Fazia minhas próprias arapucas, punha fubá dentro e ficava escondido, esperando... O pobre passarinho vinha, atraído pelo fubá. Ia comendo, entrava na arapuca, pisava no poleiro – e era uma vez um passarinho voante. Cuidadosamente eu enfiava a mão na arapuca, pegava o passarinho e o colocava dentro de uma gaiola. O pássaro se lançava furiosamente contra os arames, batia as asas, crispava as garras, enfiava o bico entre nos vãos, na inútil tentativa de ganhar de novo o espaço, ficava ensangüentado... Sempre me lembro com tristeza da minha crueldade infantil.
Violento, o pássaro que luta contra os arames da gaiola? Ou violenta será a imóvel gaiola que o prende? Violentos, os adolescentes de periferia? Ou serão as escolas que são violentas? As escolas serão gaiolas?
Me falaram sobre a necessidade das escolas dizendo que os adolescentes de periferia precisam ser educados para melhorarem de vida. De acordo. É preciso que os adolescentes é preciso que todos tenham uma boa educação. Uma boa educação abre os caminhos de uma vida melhor.
Mas, eu pergunto: Nossas escolas estão dando uma boa educação? O que é uma boa educação?
O que os burocratas pressupõem sem pensar é que os alunos ganham uma boa educação se aprendem os conteúdos dos programas oficiais. E para se testar a qualidade da educação se cria mecanismos, provas, avaliações, acrescidos dos novos exames elaborados pelo Ministério da Educação.
Mas será mesmo? Será que a aprendizagem dos programas oficiais se identifica com o ideal de uma boa educação? Você sabe o que é 'dígrafo'? E os usos da partícula 'se'? E o nome das enzimas que entram na digestão? E o sujeito da frase 'Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante'? Qual a utilidade da palavra 'mesóclise'? Pobres professoras, também engaioladas... São obrigadas a ensinar o que os programas mandam, sabendo que é inútil. Isso é hábito velho das escolas. Bruno Bettelheim relata sua experiência com as escolas: 'fui forçado (!) a estudar o que os professores haviam decidido que eu deveria aprender – e aprender à sua maneira...'
O sujeito da educação é o corpo porque é nele que está a vida. É o corpo que quer aprender para poder viver. É ele que dá as ordens. A inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver. Nietzsche dizia que ela, a inteligência, era 'ferramenta' e 'brinquedo' do corpo. Nisso se resume o programa educacional do corpo: aprender 'ferramentas', aprender 'brinquedos'.
'Ferramentas' são conhecimentos que nos permitem resolver os problemas vitais do dia a dia. 'Brinquedos' são todas aquelas coisas que, não tendo nenhuma utilidade como ferramentas, dão prazer e alegria à alma. No momento em que escrevo estou ouvindo o coral da 9ª sinfonia. Não é ferramenta. Não serve para nada. Mas enche a minha alma de felicidade. Nessas duas palavras, ferramentas e brinquedos, está o resumo educação.
Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. Ferramentas me permitem voar pelos caminhos do mundo. Brinquedos me permitem voar pelos caminhos da alma. Quem está aprendendo ferramentas e brinquedos, está aprendendo liberdade, não fica violento. Fica alegre, vendo as asas crescer... Assim todo professor, ao ensinar, teria que perguntar: 'Isso que vou ensinar, é ferramenta? É brinquedo?' Se não for é melhor deixar de lado.
As estatísticas oficiais anunciam o aumento das escolas e o aumento dos alunos matriculados. Esses dados não me dizem nada. Não me dizem se são gaiolas ou asas. Mas eu sei que há professores que amam o vôo dos seus alunos. Há esperança... "  Rubem Alves.

     Para refletir:    


  A MENINA DO VESTIDO AZUL


Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita.

Acontece que essa menina freqüentava as aulas da escolinha local no mais lamentável estado: Suas roupas eram tão velhas que seu professor resolveu dar-lhe um vestido novo.

Assim raciocinou o mestre: "É uma pena que uma aluna tão encantadora venha às aulas desarrumada desse jeito.

Talvez, com algum sacrifício, eu pudesse comprar para ela um vestido azul."

Quando a garota ganhou a roupa nova, sua mãe não achou razoável que, com aquele traje tão bonito, a filha continuasse a ir ao colégio suja como sempre, e começou a dar-lhe banho todos os dias, antes das aulas.

Ao fim de uma semana, disse o pai:

"Mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more num lugar como este, caindo aos pedaços?

Que tal você ajeitar um pouco a casa, enquanto eu, nas horas vagas, vou dando uma pintura nas paredes, consertando a cerca, plantando um jardim?"

E assim fez o humilde casal.

Até que sua casa ficou muito mais bonita que todas as casas da rua e os vizinhos se envergonharam e se puseram também a reformar suas residências.

Desse modo, todo o bairro melhorava a olhos vistos, quando por isso passou um político que, bem impressionado, disse:

"É lamentável que gente tão esforçada não receba nenhuma ajuda do governo".

E dali saiu para ir falar com o prefeito, que o autorizou a organizar uma comissão para estudar que melhoramentos eram necessários ao bairro.

Dessa primeira comissão surgiram outras, elas visavam ajudar na melhora dos bairros.

E pensar que tudo começou com um vestido azul.

Não era intenção daquele simples professor consertar toda a rua, nem criar um organismo que socorresse os bairros abandonados. Mas ele fez o que podia, ele deu a sua parte, ele fez o primeiro movimento, do qual se desencadeou toda aquela transformação. É difícil reconstruir um bairro sozinho, mas é possível dar um "vestido azul".

Autor desconhecido